Eu vi minha mãe hoje e ela morreu faz 15 anos. Não sou
vidente, não fui a centro espírita nem encontrei nenhum médium. Simplesmente
olhei no espelho. Cada dia que passa, vejo um traço dela em mim. Os olhos
grandes, as olheiras, o cabelo, a expressão, o jeito de rir, o jeito de não
rir. Sou parecida por dentro, nas entranhas, naquilo que eu jamais poderia
imaginar e até naquilo que eu não queria ser.
Juro que não sei explicar se tais semelhanças se devem à genética ou à convivência, mas há momentos em que eu me confundo, me vejo falando
frases que escutei durante a vida toda, uma espécie de mantra e boa parte
destas falas percebo agora, na altura do campeonato, que são crenças absolutas ,veja
só. Mãe, aquilo que era verdade, não é
bem assim! E agora, como fica?
E o outro lado da moeda é muito mais sério. Olho bem para meu
rebento. Minha pequena está se soltando para o mundo. Cabeça boa, personalidade
forte, sabe o que quer, o que não quer. Sempre fiz questão de prepará-la para o
mundo, dar liberdade com responsabilidade e agora caio para trás quando me
deixo a analisá-la, claro que sem ela perceber, vejo que tem um pedaço meu ali
também, um pedaço que me assusta. Um pequeno ser focado, preocupado e objetivo com apenas 17 anos.
Que medo. O mantra que quero para meus filhos é o de ser
feliz. Quem é feliz faz os outros felizes. Gente feliz é de bem com a vida. É
feliz assim, por nada!
Ninguém tem que ser parecido com ningúem. Mãe é mãe. Paca é paca. O resto a gente já sabe.
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