terça-feira, 9 de abril de 2013

Cuidado com o que você pede

Lavar, cozinhar e costurar não tem a menor graça. Cansa, não tem fim, ninguém dá valor. Quem discordar precisa participar de uma “vivência”. Faça isso todo santo dia durante um mês enquanto trabalha fora e mata um zoológico por dia. Que saudade da época de trucidar só um leão diariamente. A experiência em questão é mais hercúlea que ajoelhar no milho tendo como trilha sonora a Valeska Popozuda vociferando seus funks. Um mimo.

Nos anos 60, as líderes da esquerda festiva batalharam pelos mesmos direitos dos machos e esqueceram-se que juntinho, assim bem de perto, vem os implacáveis deveres.

Estas guerreiras um tanto quanto questionáveis não usufruíram tal conquista, a herança é nossa. Minha mãe dizia: Cuidado com o que você pede, seu desejo pode ser atendido. Bingo!

As feministas de plantão tiveram seu sonho realizado e nós pagamos o pato. É pouco provável que as batalhadoras do sexo frágil, que de frágil não tem nada, possam sair às ruas revelando sua identidade sem serem alvos de linchamento feminino regado a batom, vassoura, sandálias com salto alto e panos de prato.

A balança entre os direitos e deveres é desregulada. Pende só para um lado. Similar aos equipamentos torturantes das farmácias que insistem em mostrar um número diferente a cada vez, sempre maior.

Workhalic assumida, vivo produzindo ideias e soluções 24 horas por dia. Hands on é meu sobrenome. Cá pra nos, enlouqueceria se não tivesse nada para fazer de útil no meu dia a dia. Útil de verdade, gerar resultados, fazer acontecer, ter o mínimo de realização. Sequer penso em aposentadoria. Quando o comunicado oficial do INSS chegar, se a instituição não quebrar antes, vou facilitar a vida dos meus entes queridos. Deixarei tudo contratado e pago - velório, cremação, coroa e open bar. Se ficar a esmo, morro. Acabou-se o que era doce. Ninguém me aguenta, nem eu.

Só que para tudo nesta vida há em meio termo razoável. Assobiar, chupar cana, mascar chiclete, descer a escada com salto 15, passando batom não é fácil não, cara pálida.

Quero usufruir meus direitos e negociar mais alguns.  Para quem eu peço? Papa Francisco?


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