Lavar, cozinhar e costurar
não tem a menor graça. Cansa, não tem fim, ninguém dá valor. Quem discordar
precisa participar de uma “vivência”. Faça isso todo santo dia durante um mês
enquanto trabalha fora e mata um zoológico por dia. Que saudade da época de
trucidar só um leão diariamente. A experiência em questão é mais hercúlea que ajoelhar
no milho tendo como trilha sonora a Valeska Popozuda vociferando seus funks. Um
mimo.
Nos anos 60, as líderes da
esquerda festiva batalharam pelos mesmos direitos dos machos e esqueceram-se
que juntinho, assim bem de perto, vem os implacáveis deveres.
Estas guerreiras um tanto quanto
questionáveis não usufruíram tal conquista, a herança é nossa. Minha mãe dizia:
Cuidado com o que você pede, seu desejo
pode ser atendido. Bingo!
As feministas de plantão
tiveram seu sonho realizado e nós pagamos o pato. É pouco provável que as batalhadoras
do sexo frágil, que de frágil não tem nada, possam sair às ruas revelando sua
identidade sem serem alvos de linchamento feminino regado a batom, vassoura,
sandálias com salto alto e panos de prato.
A balança entre os direitos
e deveres é desregulada. Pende só para um lado. Similar aos equipamentos
torturantes das farmácias que insistem em mostrar um número diferente a cada
vez, sempre maior.
Workhalic assumida,
vivo produzindo ideias e soluções 24 horas por dia. Hands on é meu sobrenome. Cá pra nos, enlouqueceria se não tivesse
nada para fazer de útil no meu dia a dia. Útil de verdade, gerar resultados, fazer
acontecer, ter o mínimo de realização. Sequer penso em aposentadoria. Quando o comunicado
oficial do INSS chegar, se a instituição não quebrar antes, vou facilitar a
vida dos meus entes queridos. Deixarei tudo contratado e pago - velório,
cremação, coroa e open bar. Se ficar a esmo, morro. Acabou-se o que era doce.
Ninguém me aguenta, nem eu.
Só que para tudo nesta vida
há em meio termo razoável. Assobiar, chupar cana, mascar chiclete, descer a
escada com salto 15, passando batom não é fácil não, cara pálida.
Quero usufruir meus
direitos e negociar mais alguns. Para
quem eu peço? Papa Francisco?
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