O atendimento médico via convênio é sofrível. A saúde
pública é lastimável. Vai de mal a pior. Em estado terminal, desenganada, tem
leito cativo na UTI. Até aí nenhuma
novidade. Lemos nos jornais, vemos na televisão, ouvimos nos rádios. Parece tão
distante da nossa realidade. Mas não é.
A cunhada de uma grande amiga há dois anos teve um câncer de
mama diagnosticado, graças ao bom e santo Deus, em fase inicial. Pode esperar
pela mastectomia, pelas inúmeras sessões de quimioterapia e superou.
Um ano depois sentiu um caroço no outro seio. Escolada foi
até o SUS para marcar uma consulta o mais rápido possível. Dependendo do ângulo
de quem vê, conseguiu. A consulta foi agendada apenas para seis meses depois. Isso
mesmo, 180 dias para ver um oncologista depois de ter tido um câncer superagressivo.
Passada a eternidade de um semestre inteiro, o caroço
crescendo e incomodando, chega o dia de ir ao médico. Poucas horas antes, ela
leva um tombo e quebra o fêmur. O mundo
achou que era um baita azar. Que bom seria se fosse má sorte. Ela não caiu e fraturou
o osso. O fêmur quebrou e por isso ela caiu. Estava com metástase.
No pronto-socorro o médico se deu conta de que não podia
fazer mais nada. Sobreviveu mais três meses e morreu aos 52 anos em dezembro
passado.
Peço licença para fazer uma breve comparação.
Nosso ex-presidente aparece com a voz rouca numa
quinta-feira. É internado no sábado, no melhor hospital de São Paulo, para se
submeter a uma batelada de exames. Cabe aqui uma observação - já perdi a voz milhares de vezes e nenhum
médico me solicitou um raio X, quanto mais uma ressonância magnética.
Voltando ao ex-presidente, no mesmo dia recebe a notícia que tem câncer. Na
segunda, começa o tratamento. Em quatro dias ele descobre a doença e começa a
batalha para vencer esta terrível doença. Está errado? Não. Por que isso não
acontece no SUS? Ai são outros quinhentos.
Este mesmo ex-presidente, quando nem sonhava receber este diagnóstico,
participou da inauguração de um hospital público no nordeste e teceu o seguinte
comentário: Este hospital é tão
maravilhoso que dá até vontade de ficar doente.
Mais uma prova do cuidado que se tem que tomar ao fazer um
pedido.
Ter acesso a tratamento de saúde é prioridade, é básico.
Todo cidadão tem o direito de ser cuidado, independente da cor, sexo, idade,
classe social.
A saúde pública no Brasil é vergonhosa e não fazemos nada.
Quem tem condições paga um convênio, quem não tem deve rezar para não adoecer.
Comparo nossos governantes aos piores homicidas. Um
assassino mata uma, duas, dez pessoas e, com esforço, alguns são enjaulados.
Cada vez que um político desvia verbas do orçamento em esquemas diabólicos de
corrupção, milhões de crianças, jovens e idosos morrem na fila de espera. Se
isso não é um assassinato é o que?
Dignidade é uma palavra que estes governantes desconhecem o
significado. Colocar a cabeça no travesseiro e sentir uma pitadinha de culpa nem
passa por suas mentes. E, de novo, não fazemos nada.
Tenho vergonha daqueles que elegemos e que nos representam.
Aí sim, cabe a cada um de nós, uma parcela de culpa. Eles só lotam e se
proliferam nas Assembleias, Congressos, Prefeituras, Governos com a nossa
anuência. Você se lembra em quem votou na eleição passada?
Oi Rô!!! Mexe com a dignidade do ser humano.
ResponderExcluirUm beijo querida, adorei o texto.
Rô Lotufo