O final do ano traz uma magia e a doce sensação de que tudo
pode mudar no mês seguinte. Somos movidos pela esperança. A gente pula 7 ondas, joga flores para Iemanjá
e polui o mar, come caroços de romã e uva, ainda bem que não de abacate.
Tudo que não se fez em 365 dias pode rolar num passe de
mágica.
E as previsões? Videntes a cada esquina, canais da TV, revistas, até no Google com link patrocinado. Cada criatura de escorpião,
câncer ou sagitário terá o mesmo destino. Interessante.
Cá pra nós, a gente tem uma pontinha de curiosidade sobre o
futuro. Duro mesmo é ficar ciente dos perrengues. O cúmulo do masoquismo. Já que
vou sofrer, pra que antecipar a tortura?
Até que não é nada mal descobrir que um grande amor vai
surgir do nada, que o trabalho dos meus sonhos vai bater na minha porta, que
viajarei por lugares que sempre sonhei. Mãos à obra para o planejamento. Se o meu amor finalmente vai chegar, marco a
depilação. Se o emprego pintar, compro um lap top de última geração, destes que
cozinham e costuram. Se vou viajar, nada mais razoável que comprar um conjunto
novo de malas.
Dizem que saber as coisas boas antes perde a graça. Depende
do ponto de vista. Esperar pela festa não é melhor que ela? Duro é enfrentar as
dívidas assumidas. Just in case, indico a Mãe Dinah como fiadora.
A coisa muda de figura com as previsões macabras. Alguém da
família vai morrer. Ora, todo mundo morre, mas saber antes é que são elas.
Basta alguém espirrar para lembrar do maldito tarô. Pode ser pneumonia e
evoluir para septicemia. Crise no trabalho?
Entra alguém novo na empresa e tenho a certeza que meus dias estão
contados, rua. Fim de relacionamento? O cara atrasa e lá se vão 5 anos de
namoro. Pelo sim ou pelo não, prefiro ser pega de surpresa.
Nada muda se a gente não muda. O futuro a Deus pertence.
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