O que passou, passou. P A S S O U, foi, já era. “Inês é
morta”, como dizia minha mãe. Se fui traída, fui e pronto. Se fui beijada – que
delícia – fui e pronto. Se embarquei numa roubada, pena para mim. Fui para
Salvador e não para Curitiba, e daí?
Drama mesmo é enfrentar o maledeto
“Se”. E se eu tivesse feito assim e não assado? Se tivesse comprado um calça
de veludo em vez de ter casado? Se decidisse ter estudado direito e não
jornalismo?
O “Se” é pura perda de tempo. Atarefar os poucos neurônios
com aquilo que não vale a pena.
E o futuro? Sou a Miss Planejamento. Tola, achei
que controlava carreira, casamento, filhos. Ledo engano. “A vida é aquilo
que acontece enquanto a gente planeja”, como dizia Lennon.
Então por que seres humanos relativamente evoluídos ainda
sofrem pelo que passou e pelo que está por vir? Teimosia ou burrice? Que nada, medo, o mais genuíno pavor de
sofrer e de lidar com o desconhecido.
“Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia,
tudo muda, tudo sempre mudará”, Lulu Santos. Vou fazer desta canção meu hino.
E se a boca não tivesse secado,
ResponderExcluirO coração disparado,
A música demorado mais um minuto,
O medo não tivesse me dominado,
E eu dado aquele beijo?