Tenho tido cada vez menos tempo. Eu e metade da torcida
do Flamengo. Era de se esperar, a gente morre todo dia, basta nascer. Isso me
aflige. Muito. Tanta coisa a fazer e ampulheta como inimigo atroz e impiedoso.
A mente fervilha, ideias e planos sem fim. Penso em como conquistar uma brecha
na agenda lotada, na jornada dupla, aquela driblada básica no cansaço. Vontade não
falta, escassez de hora livre isso sim.
Li dezenas de
crônicas e artigos sobre o ócio produtivo. Se for produtivo é ócio? Vende mais
porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?
Tento aproveitar o tempo mais jogado pelo ralo de todos. No
trânsito. Ficar sem fazer nada é um sacrilégio para mim. Por que mesmo? Simples
assim, se não faço nada, eu penso. Se pensar, eu não gosto. Saída pela
esquerda, criar mais ainda. Como a gente faz para não pensar? Nem na morte da
bezerra? Deu para entender? Então me explique, porque não consegui.
Moro numa selva urbana com animais ferozes - motoristas e
motoboys - prova cabal da existência da geração espontânea. Entro na 23 de maio
cercada por quatro motoqueiros ensandecidos com suas buzinas. Duzentos metros à frente, após interminável
meia hora, embaixo de sol a pino, 35 graus na sombra, tenho 12 motoboys a minha
volta. Caos total. Se nao posso fugir, faço o que? Tenha ideias, as maledetas das ideias, vá que o descanso forçado me leve a pensar. Tô
fora.
Chego ao compromisso surtada com os insigths gerados no meio do caminho, sofrendo por antecipação com
a provável falta de tempo para dar cabo destes novos planos. Corro atrás do meu
próprio rabo, o tempo todo.
Não sei mesmo é o que fazer com a hora livre. Com as
pernas pro ar. Pavor absoluto de me ver assim à toa. Enfrentar os próprios
pensamentos não é para qualquer um. Melhor ideias do que pensamentos.
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