quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Assim à toa



Tenho tido cada vez menos tempo. Eu e metade da torcida do Flamengo. Era de se esperar, a gente morre todo dia, basta nascer. Isso me aflige. Muito. Tanta coisa a fazer e ampulheta como inimigo atroz e impiedoso. A mente fervilha, ideias e planos sem fim. Penso em como conquistar uma brecha na agenda lotada, na jornada dupla, aquela driblada básica no cansaço. Vontade não falta, escassez de hora livre isso sim.

Li dezenas  de crônicas e artigos sobre o ócio produtivo. Se for produtivo é ócio? Vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?

Tento aproveitar o tempo mais jogado pelo ralo de todos. No trânsito. Ficar sem fazer nada é um sacrilégio para mim. Por que mesmo? Simples assim, se não faço nada, eu penso. Se pensar, eu não gosto. Saída pela esquerda, criar mais ainda. Como a gente faz para não pensar? Nem na morte da bezerra? Deu para entender? Então me explique, porque não consegui.

Moro numa selva urbana com animais ferozes - motoristas e motoboys - prova cabal da existência da geração espontânea. Entro na 23 de maio cercada por quatro motoqueiros ensandecidos com suas buzinas.  Duzentos metros à frente, após interminável meia hora, embaixo de sol a pino, 35 graus na sombra, tenho 12 motoboys a minha volta. Caos total. Se nao posso fugir, faço o que?  Tenha ideias, as maledetas das ideias, vá que o descanso forçado me leve a pensar. Tô fora.

Chego ao compromisso surtada com os insigths gerados no meio do caminho, sofrendo por antecipação com a provável falta de tempo para dar cabo destes novos planos. Corro atrás do meu próprio rabo, o tempo todo.

Não sei mesmo é o que fazer com a hora livre. Com as pernas pro ar. Pavor absoluto de me ver assim à toa. Enfrentar os próprios pensamentos não é para qualquer um. Melhor ideias do que pensamentos.

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