domingo, 2 de outubro de 2011

Celebridades

Elite é elite. Nada a ver com a fortuna em empresas, imóveis, bolsa de valores, bancos aqui ou nas Ilhas Cayman.  Às vezes é o oposto. Pompa e circunstância. Integrantes da classe A que se prezam simplesmente não são Pedrão, Paulão, Ricardão, Chicão, Arturzão, Robertão, Sergião, Gibão e demais “ãos”.  Tem apelidos mais “fofos” Chiquinho, Paulinho, Arturzinho, Ricardinho, Robertinho. Convenhamos, combina mais. Dá para imaginar um homem elegantérrimo de terno Ricardo Almeida e meias com vinco como Tonhão? Não dá.
A ala feminina é mais criativa, diminutivos e apelidos “bonitinhos” que constam até no RG e em talão de cheques. Alicinha, Milu, Keka, Belita. Qual moçoila se apresenta como Valdinere, Franciene, Benedita, Fernanda Aparecida, Pamela Cristina e Maria do Rosário? As progenitoras socialites sabem disso e escolhem o apelido de sua cria antes do nome.
Divertido e surreal mesmo é folhear o compêndio semanal de inutilidades. Qual é a salvação da lavoura para a espera interminável no consultório do médico, do dentista, no cabeleireiro? Ver o besteirol da semana. Ler de cabo a rabo a revista que é um tarugo de tantas páginas e nenhum conteúdo. É  uma tarefa sem precedentes, embora os “leads” de cada matéria sejam pura diversão.
Uma literatura que esmiúça a vida da galera que adora ter a vida devassada. Elite ou não. Sempre celebridades. Até hoje não entendo direito o que é isso. De acordo com a etimologia, celebridade vem de célebre aquele que é afamado, brilhante, conhecido, extravagante, famoso, ilustre, memorável, notável. Coerente. Então por que um ex-BBB é celebridade? Uma promotora de eventos é celebridade? Mistério que não sou capaz de desvendar. Uma coisa é certa, são mais célebres que eu.  Ganham muito por aparição. Eu dou o ar da graça em lugares em que nem me dão lugar para sentar. Apareceria fácil em qualquer lugar com o meu 3S (surgir, sorrir e sumir) só para pagarem os meus boletos fixos. Quem manda não ser celebridade? Bem feito.
Na tal revista, meras refeições são produções da Broadway. Nem os hotéis cinco estrelas são oferecem um menu com tão sofisticado.
Ninguém veste roupa da C&A, Renner, Lojas Marisa. Vestidos, ternos, bolsas e biquínis tem nome e sobrenome. Imagine o trampo para escolher uma roupa para ir a festinha básica. A seleção é feita pelo nome e valor da peça.  Qual nome será que estas celebridades dariam para o vestido feito pela costureira do seu bairro e que pode ter ficado bárbaro? Nilva da Silva? Marivalna Santos de Jesus? Deveriam. Nada mais justo do que dar crédito a quem põe a mão na massa.
Chega. Gastei tempo demais falando sobre este besteirol que mesmo serve para nos divertir. Ou será que tira sarro da gente?

Marot Gandolfi

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