Uma hora a gente desiste. Até a mais persistente das criaturas se cansa. É insano dar murro em ponta de faca. Como ajudar a quem não quer ser ajudado? Como sacar que é hora de jogar a toalha?
Acompanho de perto, mais do que gostaria e menos do que precisaria, a saga de um amiga para salvar sua neta de um futuro nada promissor.
Culpa dos pais? Repudio a palavra culpa, prefiro pensar que há uma considerável responsabilidade dos progenitores, mas no final há sempre o livre arbítrio.
Esta adolescente é da pá virada desde que nasceu. Dona de uma personalidade contestadora por natureza nunca aceitou nenhum tipo de limite, embora tenha recebido doses mínimas deste componente essencial para formação de qualquer ser.
Se educar se faz com exemplos, esta menina teve os piores. Pai violento e discussões intermináveis 24 por dia. Respeito? Não tem a menor noção do que é. Foi criada com base em mentiras de todos os tamanhos. Tudo isso por si só já seria suficiente para comprometer seu caráter. Para piorar o que seria impossível ficar pior, mora num dos bairros mais violentos de São Paulo, cercada por gente barra pesada, profissionalmente pesada.
A revelia dos pais, isentos de qualquer condição psicológica para frear os desatinos da filha, a avó ensandecida diante deste cenário de horrores tenta de tudo. Tudo mesmo. Com um rendimento apertado, vem pagando escola particular, perua escolar, dentista e o principal vem dando amor, dedicando horas a fio em conversas e exemplo. Neste quesito ela supera a todos que conheço, só tem bons exemplos para dar, inclusive para mim.
Psicólogos, pedagogos e orientadores, aos montes, tecem teses elaboradíssimas sobre adolescência rebelde. Os pais tem que colocar limites.Ora, isso não é a descoberta da pólvora. Sempre foi assim e sempre será. Resta saber quem quer pegar este bastão. Educar não é fácil não, é um porre. Mesmo com limites estreitos, quantos não são os jovens que escolhem o lado negro? Uma questão de sorte?
Se nem estes acadêmicos renomados com filas intermináveis em seus consultórios mostram uma luz no fim do túnel, fica difícil sair desta. Qualquer um que goze do mínimo de sanidade mental diria Basta! Eu diria. Simples assim? Nenhum um pouco. Quando a questão envolve alguém que a gente ama mais que tudo neste mundo, desistir não existe, não é uma alternativa.
Vejo minha amiga morrer um pouco a cada dia. Seus incontáveis esforços caem por terra todo santo dia e a danada não desiste. Não tenho ideia se isso é bom ou ruim.
Talvez seja uma forma egoísta de enxergar, só sei que no calar da noite, ao encostar a cabeça no travesseiro e encharcar a fronha com suas lágrimas pesadas, sua consciência estará mais aliviada, fez tudo o que podia e o que não podia. Seu coração jamais sentirá este alívio.
Se esta garota cair numa roubada e todos os seus sonhos se transformarem nos mais tenebrosos pesadelos, uma coisa é certa, seja qual for o destino desta jovem, sua avó estará lá. Não passando a mão em sua cabeça diante de um erro, não acobertando um crime, esta avó jamais abriria mão de seus valores. Estará lá porque a ama e sempre amará.
Marot Gandolfi
Acompanho de perto, mais do que gostaria e menos do que precisaria, a saga de um amiga para salvar sua neta de um futuro nada promissor.
Culpa dos pais? Repudio a palavra culpa, prefiro pensar que há uma considerável responsabilidade dos progenitores, mas no final há sempre o livre arbítrio.
Esta adolescente é da pá virada desde que nasceu. Dona de uma personalidade contestadora por natureza nunca aceitou nenhum tipo de limite, embora tenha recebido doses mínimas deste componente essencial para formação de qualquer ser.
Se educar se faz com exemplos, esta menina teve os piores. Pai violento e discussões intermináveis 24 por dia. Respeito? Não tem a menor noção do que é. Foi criada com base em mentiras de todos os tamanhos. Tudo isso por si só já seria suficiente para comprometer seu caráter. Para piorar o que seria impossível ficar pior, mora num dos bairros mais violentos de São Paulo, cercada por gente barra pesada, profissionalmente pesada.
A revelia dos pais, isentos de qualquer condição psicológica para frear os desatinos da filha, a avó ensandecida diante deste cenário de horrores tenta de tudo. Tudo mesmo. Com um rendimento apertado, vem pagando escola particular, perua escolar, dentista e o principal vem dando amor, dedicando horas a fio em conversas e exemplo. Neste quesito ela supera a todos que conheço, só tem bons exemplos para dar, inclusive para mim.
Psicólogos, pedagogos e orientadores, aos montes, tecem teses elaboradíssimas sobre adolescência rebelde. Os pais tem que colocar limites.Ora, isso não é a descoberta da pólvora. Sempre foi assim e sempre será. Resta saber quem quer pegar este bastão. Educar não é fácil não, é um porre. Mesmo com limites estreitos, quantos não são os jovens que escolhem o lado negro? Uma questão de sorte?
Se nem estes acadêmicos renomados com filas intermináveis em seus consultórios mostram uma luz no fim do túnel, fica difícil sair desta. Qualquer um que goze do mínimo de sanidade mental diria Basta! Eu diria. Simples assim? Nenhum um pouco. Quando a questão envolve alguém que a gente ama mais que tudo neste mundo, desistir não existe, não é uma alternativa.
Vejo minha amiga morrer um pouco a cada dia. Seus incontáveis esforços caem por terra todo santo dia e a danada não desiste. Não tenho ideia se isso é bom ou ruim.
Talvez seja uma forma egoísta de enxergar, só sei que no calar da noite, ao encostar a cabeça no travesseiro e encharcar a fronha com suas lágrimas pesadas, sua consciência estará mais aliviada, fez tudo o que podia e o que não podia. Seu coração jamais sentirá este alívio.
Se esta garota cair numa roubada e todos os seus sonhos se transformarem nos mais tenebrosos pesadelos, uma coisa é certa, seja qual for o destino desta jovem, sua avó estará lá. Não passando a mão em sua cabeça diante de um erro, não acobertando um crime, esta avó jamais abriria mão de seus valores. Estará lá porque a ama e sempre amará.
Marot Gandolfi
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