Tornar público seu trabalho tem um preço. Às vezes bem alto.
Resolvi divulgar minhas crônicas há pouco mais de um mês. Sempre escrevi, mas nunca compartilhei meus textos. Um hobby solitário, privativo.
Num dia de fúria, uma encarnação do Michael Douglas digna de um Oscar®, redigi a crônica Geração Sem Noção e enviei para todos os meus contatos por e-mail. Foi um mero desabafo. Não esperava nenhum retorno. O feedback foi expressivo e me aventurei a criar um blog alimentando-o diariamente.
Uma amiga jornalista que vem lendo uma ou outra crônica que publico me alertou para eu me preparar para o que está por vir – críticas.
Ninguém é tão severo comigo do que eu mesma. Num canto do meu escritório tem um pelourinho. No outro uma caixinha com clips para eu ajoelhar a cada uma hora, milho é mais complicado no ambiente corporativo. Não há uma só vez que eu leia uma das minhas crônicas e fique satisfeita. Sempre acho que poderia ter escrito melhor.
Uma coisa é certa. É humanamente impossível agradar a gregos e troianos. É uma missão impossível sem o bonitinho do Tom Cruise.
Saber lidar com críticas é uma arte para poucos. Neste caldeirão não cabem orgulho, prepotência e arrogância. Mas dá uma meda!
Já vi relatos de feras da literatura, artes cênicas, pintura, música que foram avacalhados pela crítica. Profissionais talentosos, alguns nem tanto. Uns viraram pó. Outros deram a volta por cima.
Penso que os mais espertos ou sábios não se deixam abater. Filtram aquilo que é útil, não sós os elogios, isso é fácil, mamão com açúcar, massageia o ego, levanta a autoestima.
A crítica negativa pode cutucar o nervo ciático quando está inflamado. Um tratamento de canal sem anestesia. Pode, no entanto, ser extremamente construtiva se absorvida com inteligência. Para perfeccionistas é um tapa no focinho. Não há mal algum em buscar a perfeição. Não aceitar ser imperfeito é que azeda o feijão.
Acreditar que já fez o melhor é o cúmulo da prepotência. Quem neste mundo é o onipotente? Por um curto espaço de tempo pode até ser bam bam do pedaço, o rei da cocada, não o tempo todo.
Sentir-se ofendido por ter recebido um comentário negativo é pura arrogância. Como Fulano não gostou do que fiz, quem ele pensa que é? Esclarecendo cara pálida, é um ser que tem todo o direito do mundo de apreciar ou não seu trabalho.
Ninguém pode decidir como vamos reagir. “Não importa o que fizeram com você e sim o que você vai fazer com o que fizeram com você.”
Se jogar numa cama, praguejar, tirar a calça e pisar em cima porque ganhou um ponto negativo é ser covarde, birra de criança mimada.
Estou cheio de boa intenção. Dou um duro danado. Ninguém dá valor. Você acha que é só você? Já caiu e acordou? Todo mundo mata um zoológico inteiro por dia. Nem sempre a torcida vê isso e também pouco importa. Todo mundo se atraca com um leão, um elefante e uma cobra em cada um dos 365 dias do ano. Por que você merece atenção especial? Quem está na chuva é para se molhar.
Bola pra frente que atrás vem gente. Use a audição seletiva e mãos a obra. O que servir aplique. O que não servir delete.
O que não dá para engolir mesmo é a mediocridade. Contentar-se em fazer o básico. Achar que sabe tudo. Aprende-se todo santo dia.
Se existe uma receita de bolo para lidar com o que vem de bom e o que vem de ruim é ter humildade e inteligência emocional. Lidar com os altos e baixos.
“Talento não é dom, não nasce com a pessoa, é desenvolvido com a prática. Demanda tempo e persistência”.
Marot Gandolfi
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