De repente, não mais que de repente, comecei a escrever crônicas sobre tudo. Não teve um motivo, um start. Um belo dia acordei e senti uma necessidade incontrolável por registrar tudo. Redigir sempre foi minha praia. O enredo agora é diferente, não rola obrigação, é puro prazer.
Caiu a ficha que sou movida por compulsões. Rotina é a morte para mim, mesmo segura, tranquila e previsível. Vivo com uma ansiedade frenética por experimentar coisas novas, testar meus limites, mudar sempre, se possível, para melhor.
Expressar o que sinto é uma das minhas compulsões. Falar, no melhor estilo maritaca de ser, segundo as más línguas que me cercam.
Nada passa despercebido. Tudo vira assunto. Situações surreais, hilariantes, traumatizantes, irritantes.
Quando coloco no papel, epa, isso denuncia absurdamente minha idade! Quando digito e desenvolvo a ideia que está entrando em ebulição no meu cerebelo, não consigo sincronizar a velocidade do pensamento com o ritmo alucinante da digitação.
Em três meses, consegui apagar e acabar com as teclas do meu notebook. Não só descascar as letras, mas escavar cada teclinha. Uma verdadeira louca da aldeia. Das duas uma - ou tenho suor ácido como soda cáustica ou teclo como o Benito Di Paula martela o piano.
Meus filhos descobriam que este surto pelas crônicas que se apoderou do meu ser até que tem um lado bom, a salvação da lavoura, que eu nem poderia imaginar – eles não precisarão ouvir pela 523ª vez as mesmas histórias. Simpáticas criaturas, não?
A grande sacada é que estou realizando um sonho que eu nem sabia que morava nos cafundós da minha alma. Isso é fascinante. Descobrir na altura do campeonato algo que me move, motiva, anima e incentiva não tem preço.
Os melhores anos não são os que passaram muito menos os que estão por vir. O melhor ano é agora. Realizar algo novo, descobrir uma sensação nunca vivida, descobrir um novo talento é o que me faz respirar com uma profunda alegria indígena. É viver e não sobreviver.
Meu melhor ano é agora.
Marot Gandolfi
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