quinta-feira, 17 de março de 2011

Coitado do Murphy

Não acredito nem na Lei de Murphy nem na Lei da Atração. Meu cerebelo não aceita pacificamente que ambas tenham tanto poder como o mundo inteiro atribui.
Hoje quase cheguei a me convencer, foi por muito pouco.
No dia em que estou mais estressada, tudo acontece. O trânsito é pior, o computador trava, a bateria do celular acaba no meio da rua, o telefone sem fio não funciona, o Skype dá interferência, saio atrasada para uma reunião. Seria a tal da Lei de Murphy entrando em ação? Esta expressão diz que tudo que pode dar errado vai dar errado.
Pensei cá com meus botões – o trânsito não é bom há milênios e esta cada dia pior. Mais carros, mais motos, menos ruas, menos avenidas, menos transporte público.
O computador trava sempre por mais moderno que seja, faz parte do show, Bill Gates que o diga.
Tenho um carregador de bateria para o celuloso no carro. Se não deu tempo de carregar no escritório por que não carreguei no trajeto?
Ao invés de sair em cima da hora, que tal, me preparar para sair 15 minutos antes? Tudo uma simples questão de planejamento.
Não é o tal do Murphy que faz com que tudo aconteça. Ele não é o todo-poderoso. É uma questão de lógica – se estou com os nervos à flor da pele tudo ganha uma dimensão muito maior, um peso gigantesco. Quando tudo acontece dentro dos conformes quem de nós pensa sobre o assunto? Ninguém respondeu, certo?
Murphy que nada. Pura falta de equilíbrio e bom senso.
A Lei da Atração então nem se fale, não desce pelo meu esôfago. Fica engasgada como se fosse um osso de frango na garganta.
É mais do que esperado que eu me aproxime de pessoas com quem tenho afinidade. Por que ficaria perto de criaturas que não me são simpáticas? Masoquismo? Convivo muito pouco com aquelas que ainda não consegui exterminar da minha vida e isso, diga-se de passagem, tem sido cada vez mais raro.
Sou gentil, educada, solidária porque eu quero, está no automático. Jamais pensei em receber nada em troca. Não rola esperar um agradecimento. Este é o show da vida. Não interessa como os outros vão reagir, me interessa como eu vou agir.
Repare em quem sempre está reclamando. O cara levanta de mau humor, não dá bom dia para ninguém, xinga o primeiro carro que passa a sua frente, no escritório sua sala é igual a uma baia para cavalo, dá coice o dia inteiro em seus colegas. É uma anta de plantão. Se algo bom acontece, nem percebe tamanha é a nuvem preta que o persegue dia e noite, pior que um encosto daqueles brabos, haja encruzilhada para fazer um trabalhinho básico. Não dá para colocar toda a culpa na coitada da Lei da Atração, o cara é um porre.
Sonhar com um carro novo, um apartamento mais sofisticado, uma casa na praia, sem levantar o traseiro da cadeira e ir à luta é devaneio. Não é a Lei da Atração, é Lei da Vida, meu caro.
Algumas táticas que coloco em prática para driblar situações de pressão insuportável (além de ouvir Under Pressure com Queen e David Bowie) podem ser incrivelmente produtivas:
1 – recito o mantra 5, 20, 5, 20, 5, 20 – os dias que entra din din na conta
2 - levanto, tomo um café, estico as pernocas e devoro um chocolatinho básico. Açúcar nestas horas é um santo remédio.
3 – tento deixar o calor dos ânimos congelar para não me arrepender do que vou falar. É o mais difícil. Minha língua é mais rápida que o cérebro e que o juízo.
A estratégia para atrair coisas boas é mais simplória ainda. Faça parte da turma do bem. Nem um chato de galocha resistirá ao seu bom humor. Pessoas azedas detestam criaturas alegres. É um antídoto poderoso. Deveria ter no Instituto Butantã. Estes corvos nem tem o talento de vencer pelo cansaço. Entregam os pontos muito antes da linha de chegada.
A sacada é pra lá de simples. Ser gente do bem, ter bom senso, equilíbrio e bom humor, sempre.
Nem é fácil colocar em prática, mas faz um bem danado.
Blog também é cultura. Se quiser saber mais sobre a Lei de Murphy sugiro dar uma pescoçada no site http://pessoas.hsw.uol.com.br/lei-de-murphy1.htm
Marot Gandolfi









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