sexta-feira, 25 de março de 2011

A culpa é da sogra

Já comentei sobre isso em outra crônica recente, mas como este assunto ainda rende pano pra manga resolvi escrever mais um crônica sobre este polêmico tema. Juro que não é falta de assunto.
Todo mundo fala que o casamento hoje em dia não dá certo. As pessoas casam já com a ideia de que se “algo der errado” podem se separar.
Tudo bem que nas estatísticas o número de divórcios é alarmante. Separações com apenas dois anos de casamento.
Sem dúvida é muito mais fácil se livrar do emplasto judicialmente agora do que no passado. Não há mais preconceito, a mulher não é mal vista e é independente financeiramente. Nossos avós, pai e tios não tinham opção. Liberdade, nem pensar. Quantas esposas até os anos 70 ou 80 não sonharam em fugir correndo sem tênis um ano sem olhar para trás?
A diferença nos números de separação de anos atrás e agora não é obra do Divino.
Acostumamos nossos filhos a terem tudo de mão beijada. Estudam na melhor escola e nem sabem quanto custa. Sentam à mesa com a comida prontinha e a mesa posta. Devoram e saem sem ajudar a retirar ao menos o seu prato. Atiram-se da cama. Esticar o lençol pra que? Vão dormir de novo à noite. Jogam as roupas sujas no chão do banheiro. Magicamente elas aparecem em seus armários e gavetas, todas limpinhas, passadas e cheirosas. Os pais levam e buscam de festas, baladas, shopping e cinema no melhor estilo taxista de ser. Se estacionarem o carro num ponto de taxi podem incrementar sua retirada mensal. O celular por um tempo até que funciona como uma babá eletrônica moderna quando nós ligamos para os rebentos. Na adolescência funciona no caminho inverso – Pai vem me buscar? Mãe posso ficar até mais tarde? Pai me leva na casa da Fulana?
Outro dia escutei uma das piores barbaridades deste universo. Um garoto queria usar uma camiseta que estava no cesto para passar. O menino como qualquer ser normal foi buscar a tábua e o ferro para dar um tapa na vestimenta. O pai, um beócio com MBA em babaquice, virou para o moleque e disse: Eu quebro sua cara se você pegar no ferro. Isso não é coisa de homem. Como este rapazinho vai conseguir uma namorada nos dias de hoje? Depois de uma semana, a garota vai se escafeder para Marte, Júpiter, Saturno. Talvez prefira até ir para Líbia, afinal lá está bem agitado nos últimos dias.
Tenho uma teoria que venho enfiando no cerebelo dos meus pimpolhos. Tanto garotos como garotas têm que passar no teste dos dois anos. Uma estratégia feijão com arroz.
Primeiro moram sozinhos por um ano. Completamente alone, sozinhos de verdade. Sem pai pagar nada, sem mãe levar comida ou passar a roupa. Com esta experiência macabra a criatura vai descobrir como acionar a máquina de lavar roupa, ir ao supermercado, contratar a faxineira uma vez por semana e comprar os produtos de limpeza (sim, a empregada não vem com o kit faxina), passar suas roupas para poder ir trabalhar, trocar o lençol a cada sete dias para não parecer que tem um urubu na cama. Assumir o comando da casa, coisa que nenhum deles tem a menor noção.
Passando neste teste, sem dever um tostão para o Banco e sem botar fogo na sua moradia vai para o próximo passo.
Morar junto um ano com o companheiro. 365 dias, sem negociação. Esta etapa é mais morfética do que se pode imaginar. Nos três primeiros meses é o Éden. Aos poucos, o paraíso começa a esquentar. A ficha cai e o amor passa a não ser tão lindo.
Se após este ano, morando embaixo do mesmo teto, ainda tiverem sobrevivido, conquistarão o alvará - podem oficializar a união com um casório regado à bem-casados e champanhe para comemorar o trunfo.
Hoje qual mulher tem o perfil da Amélia? Embora continuem a ser mulher de verdade. Que mulheres de Atenas o quê? Chico Buarque que me perdoe. Qual mulher hoje aceita que o marido não ajude nos perrengues domésticos? Qual mulher serve primeiro a comida ao seu amado? Qual mulher dá o mínimo de satisfação ao cônjuge sobre quanto gasta no cabeleireiro ou no shopping?
Hoje o homem participa ativamente da rotina, vai ao mercado, tudo bem compra só o que não precisa. Troca a fralda do filho e não prende direito, vaza tudo. Escolhe roupas para as crianças sem o mínimo discernimento do que combina com o quê. Mas ao menos faz.
Sem passar por esta experiência, estes jovens vão engrossar as estatísticas de divórcio.
E o que é muito pior, minha nora e meu genro vão me odiar para o resto de suas existências. Afinal, a culpa sempre é da sogra.
Marot Gandolfi









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