Vivi isso há 15 anos, na festa da filhinha de um grande amigo, na época completando três anos. Tudo perfeito, bexigas, enfeites, um bolo encantador, uma mesa maravilhosa, tudo cor de rosa para combinar com a minianiversariante.
Parentes e amigos compareceram em peso. Avós, tios, primos em primeiro, segundo e terceiro grau, amigos próximos, amigos distantes, amiguinhos da escola, pais dos amiguinhos, irmãos dos amiguinhos - eles se multiplicam no meio do caminho - vizinhos, cachorro e papagaio.
Tudo corria as mil maravilhas, dentro do esperado na comemoração de um pingo de gente como aquela garotinha linda. Música alta, correria, doces pelo chão, refrigerantes derramados.
De repente, não mais que de repente, uma mulher faz uma entrada triunfal no meu do salão. Vestida de odalisca com um aparelho de som na mão, caminha entre os convidados sem a menor cerimônia. Um olhava para o outro, ninguém entendo nadinha. Uma situação surreal. Que nada, surreal mesmo estava por vir.
A moçoila árabe, que nem era tão mocinha assim, desligou a música da criançada e colocou seu aparelho para funcionar. Afastou as pessoas, empurrou as criancinhas e se pôs a fazer a dança do ventre, dos sete véus, em plena festa. Sacolejava a pança com a maior desenvoltura.
O pai da aniversariante chegou ao meu lado e cochichou quase chorando – Não sei o que fazer. Em todas as festas aqui no prédio, esta mulher desce vestida assim, traz sua vitrolinha e começa o show. TODAS AS FESTAS. Ninguém tem coragem de falar nada, ela é filha do síndico. Quase enfartei de tanto rir.
Ninguém sabia se devia aplaudir, vá que ela se empolgasse e não parasse mais com o espetáculo.
Fiquei constrangida pela mocinha. O cúmulo da vergonha alheia.
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