Eu já ouvi sobre casais que criaram a família viajando pelo mundo em um barco, os que abandonaram a cidade grande e foram viver numa cabana no mato, os que venderam tudo para comprar um trailer e viajar pelo mundo.
Tenho um casal amigo que reflete exatamente a insanidade que vivemos nos dias de hoje, não que eu seja a pessoa mais normal do mundo, bem longe disso.
Os dois são workaholic de carteirinha. Têm no sangue, além de plaquetas, vários leucócitos chamados de trabalho.
Na verdade, não é bem uma opção. Com duas filhas ou é assim ou é assim. Todos nós queremos proporcionar para nossos filhos as melhores escolas, inglês, ballet, natação entre milhares de outras atividades. Isso custa e como custa! Nossos pequenos já não têm tempo na agenda para brincar ou simplesmente para não fazer nada. Este é o preço dos tempos modernos.
Este casal se dá superbem, é feliz e constituiu uma família linda. Aí está o maior enigma? Quando, como, onde?
Todas as vezes que falo com eles, um está viajando. Não é uma viagem de um dia! São semanas. Quando ela volta da China (logo ali), ele vai para o Chile. Quando ele volta do Chile, ela vai para Nova York.
Ele me contou que uma vez a esposa viajou para Paris e que ligou contando que estava em frente aos Champs-Élysées. Neste exato momento, ele estava na cidade aprazível de Itaquaquecetuba avistando um bode colorido. Isso mesmo, um bode colorido. Ele se deu conta que havia algo muito errado.
Fico me perguntando quando estas duas meninas, lindas de morrer e supermeigas, foram feitas? No aeroporto? No check-in, no check-out, na espera do embarque? Não fiz as contas, mas a menor deve ter sido concebida na época do apagão dos aeroportos brasileiros. Também com o caos aéreo que o Brasil vem vivendo, dá numa boa para eles se acertarem e rolar um namorinho básico.
Devem ter um esquema de maratona, corrida de revezamento. Quando ela desembarca passa o bastão para ele e vice-versa. Poderiam treinar tranquilamente a equipe de competidores de atletismo brasileiro.
Neste final de semana, adivinhe? Ele vai para o Chile, ela acaba de voltar de viagem e arrumou um programão para o final de semana das meninas – vai levá-las a uma missa de 7º dia no domingo. Sugeri que para completar, na volta deveria dar uma passada no Einstein para fazer um exame de sangue básico nelas e finalizar com chave de ouro o passeio de índio dominical. Afinal no Einstein tem o Viena que é muito gostoso. Só não servem nada com queijo e carne. Com tantas opções, não precisam pedir justamente um cheeseburguer.
Sorte ou merecimento, as garotas são incrivelmente fofas. Educadas, bonitas, meigas e simpáticas.
O casamento vai de vento em popa. Também não vão gastar o pouco tempo que têm brigando e implicando um com o outro. Quando se encontram precisam aproveitar e nada melhor que o amor. Ah, o amor é lindo!
Eles descobriram a pólvora. Milhões de psicanalistas estudam a vida inteira e formulam as mais elocubradas teorias para descobrir a fórmula do casamento bem sucedido. Eles descobriram sem estudar nadinha. Todos os casais deveriam adotar o mesmo "sistema vai e vem de ser". Se deu certo com eles, pode dar certo com outros.
Vou pensar seriamente a respeito, o problema é que os meus destinos não são muito atraentes e convidativos – Caieiras, Perus, Mauá, Itaquaquecetuba, Arujá, São Matheus. Mas é uma alternativa.
Marot Gandolfi
Rô,você retratou muito bem a situação. Pelas nossas filhas vale e vale muito. Mas nesse caso, tenho que ressaltar o valor da mulher ,executiva, mãe, esposa que é um caso a parte. Consegue realizar todas as "funções" com a maior categoria. Organizadíssima, dedicada, com um pique extraordinário, quando viaja , deixa tudo organizado, tem até cardápio preparado!!! Como mãe, viaja com o coração partido, mas sabe o quanto é importante para o futuro delas. Meu trabalho é não atrapalhar !!!
ResponderExcluirAs meninas já se acostumaram, e hoje se não é tranquilo , longe de ser um grande drama. Valeu pelo texto !!!
Vocês são um exemplo de casal e de família,
ResponderExcluirMuitos não tem todos estes obstáculos no dia-a-dia e não conseguem se manter unidos!
Ro querida, ammmmeiiiii!!!! Muito obrigada pela homenagem (realmente me senti homenageada). Vc escreve muito bem...Vá em frente.... bjs
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