sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Kit Festa

Todo mundo tem uma turma que conhece ou um lado da família ao qual eu chamo carinhosamente de “kit festa”.
São pessoas divertidas e agradáveis que fazem a diferença em qualquer reunião ou até mesmo num velório, sem serem inconvenientes, é claro. Inconveniência não tem absolutamente nada a ver com diversão.
Criaturas que sempre têm um comentário feliz, uma história hilariante para contar e contagiam todo mundo. Estão sempre sorrindo, rindo, mas não tem nada a ver com hienas enlouquecidas.
Os urubus de plantão, infelizmente se proliferam com uma rapidez frenética, talvez até seja geração espontânea, e não raro têm verdadeira aversão pela turma da alegria.
Observar ambos os lados é um exercício de psicologia para Faculdades e MBAs nenhum botarem defeito. Vou convidar minha ex-terapeuta e querida amiga para defender uma tese sobre isso.
Se vocês ainda não tiveram a oportunidade, sugiro analisarem este encontro entre extremo opostos. É óbvio que não faltarão ocasiões.
O lado animado é mais popular e populoso. Os convidados vão chegando e uma espécie de atração, um verdadeiro imã humano, rola no ar. Uma bola de neve hilária. Todos se aproximam e começa um frenesi de divertimento. Ninguém vê a hora passar. Hora? Quem olhou para o relógio?
O lado negro também tem um forte poder de atração. Felizmente, só se aproximam os desanimados, os que adoram comentar sobre um desgraça ali, outra acolá, sofrem de todo tipo de carência, trocam receitas de remédios para as mais variadas doenças, todas psicossomáticas. Isso sem falar que ao sair, se cutucam e comentam sordidamente: Nossa a cerveja estava quente e a coxinha gelada. Que calor dos infernos naquele apartamento. Também nem ar condicionado eles têm. Bem desmazelado este casal! Cuidado, estes são os mais perigosos e, num piscar de olhos, podem alardear esta zica pela sua modesta confraternização. São em menor número, mas fazem um estrago fenomenal. Deveriam ser banidos de toda e qualquer comemoração. Uma solução é colocar sal no fogo quando a perigosa criatura entrar no recinto. Se não adiantar, apele para o lado B, deixe pertinho do abutre, um potinho com patê de alho. No entanto, eles podem ser úteis. Aconselho a ter estes corvos desesperados em sua lista de convidados, apenas para fazer quórum no enterro (já que carpideiras estão fora do mercado), de preferência não o meu!
Tenho uma parte da família, a mais numerosa, que ao se reunir já vira uma balada. Em qualquer ocasião. Não só pelo número de membros, mas principalmente pela vibe! Para esta galera tudo é motivo de comemoração regada a muita comida: É aniversário de fulano, eba vamos fazer uma paella. É formatura de beltrano, oba vamos fazer um risoto. A mãe teve um AVC e ficou sem sequelas, legal, vai rolar um churrasco. Para eles não tem tempo feio, o importante é estar todo mundo junto.
Minha mãe teve muita sorte. Era louca como eu. No aniversário do meu tio que completava 60 anos, ao entrar disse para ele: Sua festa está linda, pena que vou estragar. Vou morrer hoje! Tudo isso morrendo de rir, só para variar um pouco.
Ela morreu no final da festa, dançando e rindo. Morreu com queria. E a família como sempre, unida.
No fundo é isso que importa, né não? Unidos venceremos, o lema do arroz que eu faço.
Nas minhas reuniões o kit festa está separadinho e não pode faltar. Eles já sabem, que se não estiverem presentes, farei uma cirurgia a sangue frio, retirarei com uma longa pinça ovários e testículos de todos pelas narinas!

Marot Gandolfi

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