Não sou a rainha dos foras, talvez uma princesa.
O mais agravante é que não negando as origens, como uma boa loira, me dou conta bem depois, do vexame que cometi.
Minha língua é mais rápida que o meu juízo e, em algumas situações, deixo escapar comentários que poderiam muito bem ficar guardados no meu cerebelo que tem tanto espaço livre. Afinal, ocupados apenas por dois neurônios, o salão fica vazio.
Eu sempre sofri com cólicas menstruais. Aliás, aqui vale uma constatação. Homens, apesar da contradição, são mais condescendentes com fêmeas que apresentam estes sintomas devastadores. Mulheres que não tem cólicas são intransigentes. Se forem chefes, muito mais terrível. O pensamento é – Se eu não tenho, ninguém mais tem, logo é pura frescura. Voltando às cólicas, como sempre foi um perrengue para mim, um dia há 20 anos, eu estava trabalhando numa editora e comentei com a secretária do diretor geral, em alto e bom som – Estas cólicas me matam. O que atenua um pouco o sofrimento é saber que todos os homens um dia vão fazer exame de próstata. Sem perceber, o diretor estava atrás de mim. Fitou-me com os olhos esbugalhados e proferiu – Que horror. Comigo não. Quase morri de vergonha.
Passaram-se 10 anos. Meu marido, que é uma das pessoas mais sérias, equilibradas e sensatas que eu conheço, foi ao banheiro da editora. Pausa – nunca entendi como os homens urinam naquele mictório coletivo, um ao lado do outro, segurando vocês sabem o que, e conversam entre si durante a tarefa. Bem, o diretor também precisava aliviar a bexiga. Os dois, lado a lado, e o diretor comenta assim como quem não quer nada – Ah! Fale para a Marot que ela tinha razão. Fiz meu primeiro exame de próstata e não foi nada agradável, inclusive vou precisar fazer uma cirurgia. Meu marido chegou em casa arreganhando os dentes, querendo me trucidar.
O mais impressionante na história não é o exame de próstata, mas a memória do cara. Ele se lembrou de mim durante o exame de toque! Não sei se fico feliz ou triste por tem feito parte de suas recordações.
Nem assim aprendi. Final do ano passado, em um seminário, estava conversando com um vice-presidente de um importante órgão governamental. O cara é extremamente simpático, agradável, competente. Um profissional e uma pessoa que merece todo o meu respeito. Lá pelas tantas, conversa vai, conversa vem, as eleições para presidente tinham acabado de acontecer, começamos a conversar sobre o vice-presidente da Dilma, que, ironicamente, ambos não conseguiam lembrar o nome do dito cujo. Não havia jeito, estava na ponta da minha língua, mais o nome não saia. Passado alguns minutos de agonia, eu gritei: Temer. Michel Temer. E ele: É isso mesmo, como fui esquecer. A história poderia ter tido um final feliz, não fosse a minha língua atordoada que insiste em gesticular e eu solto: Fique tranquilo, não tem problema. Afinal o Temer é vice, quem se lembra do vice-presidente! Ele sorriu amareladamente e educadamente concordou. Horas, muitas horas depois, no banho, período em que normalmente o Tico e Teco colocam a conversa em dia, dou um grito ensurdecedor – Caraca, olha o que eu falei! O cara também é vice-presidente.Não sei mais o que fazer. É mais forte do que eu. Um dia vou entrar numa fria.
Marot Gandolfi
MAROT, DESTA "DERRAPADA" EU ME LEMBRO.MAS QUEM É A PESSOA QUE NUNCA DEU UMA "DERRAPADA"
ResponderExcluirABRAÇOS
ADALBERTO FILHO
Mas eu dou várias, é compulsivo!
ResponderExcluirFICARIA MELHOR ASSIM:
ResponderExcluir"NENHUM DOS DOIS CONSEGUIA LEMBRAR O NOME..."
OU
"AMBOS NÃO CONSEGUIAM LEMBRAR O NOME..."
BJS LUCIANO
Lu,
ResponderExcluirObrigada pela dica, já alterei. Sempre que tiver uma observação, crítica, sugestão, pelo amor de Deus, me passe. Eu escrevo compulsivamente e nao reviso.
Só vou revisar quando for publicar.
Bjs
Ro