quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Dá um vermífugo

Fui almoçar com duas amigas num restaurante charmosíssimo nos Jardins, comida deliciosa, serviço impecável e preço justo – Crepe de Paris – Villa San Pietro – na Augusta http://www.bistrocrepedeparis.com.br/. Era para ser um almoço de negócios. A última coisa da qual falamos foi business. É exigir demais de três enlouquecidas que não se viam há milênios. Desopilamos o fígado, afinal ninguém é de ferro.
Na verdade, são duas clientes que tornaram-se amigas. Aquelas pessoas que aparecem na nossa vida, sem mais nem menos, e com quem criamos uma afinidade imediata, uma sintonia que com pessoas que convivemos a vida inteira nunca teremos. Conosco é assim.
Confesso que não sei como temos tanto assunto. As três falam mais que a boca, ao mesmo tempo, e se entendem completamente. Homens jamais compreenderiam isso e desconfio que algumas mulheres também não.
Tenho uma questão a resolver. Suspeito de algumas hipóteses, nada concreto, até porque tenho descoberto todos os dias que nada sei e que tudo me surpreende.
Por que todas as mulheres que se separam ficam muito mais bonitas, alegres e descontraídas? O que há de mágico na separação? Os relatos de mulheres que se divorciaram descrevem momentos de terror, mesmo com a separação sendo amigável e até desejada por ambos os lados. Descrevem com detalhes terem ido ao fundo do poço e desejado a morte, inclusive sentiram o hálito do Diabo de pertinho e perceberam o quanto é asquerosa a encarnação do cão chupando manga do avesso.
Se a separação leva a mulher a este estado de agonia e desespero, frustração e depressão, como ela consegue ficar linda? Que dispositivo é acionado com a assinatura do divórcio?
Por que depois do casamento, principalmente depois que chegam os filhos, elas se descuidam, parece que o lado mulher morre. Para que seduzir? Para quem vou ficar bonita? Para quem vou caprichar no visual? Por que me privar de comer crostata de frutas vermelhas, mousse de chocolate, carolinas de creme, barras de Lindt (com frutas, 70% cacau, 80% cacau, com amêndoas), sorvete de menta com leite condensado? Que tal porque seu manequim vai saltar que nem o Joao do Pulo do 40 para o 48? Que ninguém mais vai reconhecê-la, nem você no espelho, nem seus amigos, parentes e vizinhos? Isso sem falar na lingerie. Antes calcinhas sexys, combinando, com rendinha, sem rendinha, oncinha, coraçãozinho, cinta-liga. Após alguns anos com os trapinhos juntos, calçolas em dois tons quentes e sedutores: bege, gelo ou cor da pele. Com os filhos vem a responsabilidade. O trabalho dobra. Quem falou que seria fácil ser esposa, mãe, profissional, dona de casa?
Estas questões fazem parte de uma pesquisa que farei no futuro. Após tabular as respostas e analisá-las, se eu chegar a alguma conclusão, compartilharei.
Reunidas na mesa estavam uma recém-separada, a outra casada pela segunda vez e a terceira casada há quase 20 anos.
Como sempre, num determinado momento, o assunto girou sobre o que as mulheres sozinhas entre 40 e 50 anos encontram disponível no mercado masculino. Conclusão, de bom, nada. Ao menos, nada que valha a pena investir.
As duas casadas não têm muita noção de como está a oferta, até porque não estão com olhos para isso. Desconfio que até tenham medo de arriscar, afinal todos os comentários das amigas avulsas é de que a oferta não está para peixe, nem para camarão, lula, marisco.
No decorrer da conversa hilariante. A recém-separada e mais bonita do que nunca, diz: Se a gente consegue um que seja hétero, já se deu bem. Caí na gargalhada e falei: Isso não é diferencial, pelo amor de Deus, é um pré-requisito. Ela disse: Com a falta da mercadoria, esse quesito tornou-se um diferencial. Morremos de rir. Ela solta uma pérola:
Tenho uma amiga que tem uma teoria. Tenha como amante um trabalhador braçal, se possível analfabeto. Ele vem, faz o serviço, está preparado fisicamente para isso, não vai questionar a relação, porque nem sabe o que quer dizer um relacionamento, toma um banho e vai embora. Choramos de rir novamente e comentei: Ele pode tomar banho antes? Vai que ele vem da obra direto, com aquele bodum, com as unhas sujas. Ela comenta: Beleza, isso é negociável. E concluiu: É isso ai garotas. Nós, mulheres agora avulsas, resolvemos o problema com o homem braçal, basta dar um vermífugo uns dias antes e boa.
VERMÍFUGO? Há muito tempo eu não ria tanto assim. Conversa de mulher acaba sempre no mesmo tema - Afinal o que as mulheres querem?


Marot Gandolfi

Um comentário:

  1. - What women wants?
    - Who cares?

    Este diálogo não é meu, mas da (excelente) serie Madmen

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