quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A 340 km por hora


Airton Senna sempre será um ídolo. No Brasil e no mundo. 
É fascinante o poder que exerceu sobre tanta gente. Fui ao céu e ao inferno, amei e odiei a Fórmula 1. Para mim é AS e DS, antes de Senna e depois de Senna.
O meu conhecimento sobre automobilismo é parco, para não dizer nulo. Adoro dirigir o que fica a anos luz de entender o que é ser um piloto de verdade.
Ontem tomei coragem para assistir ao filme sobre o Senna, produzido por um japonês. O cara era adorado do outro lado do mundo também. Sim, precisei de coragem, porque a morte do Senna foi um marco na minha vida. Vi poucas vezes meu filho chorar, um ser desprovido de emoções. Ainda hoje, ele fica visivelmente sensibilizado e tinha apenas 10 anos.
Lembro do dia do acidente em Ímola, da maldita curva Tamburello, da expressão apreensiva do Senna nos boxes, do desastre fatal com o Ratzenberger, da batida do Barichello. Sei que roupa eu vestia, aonde estava, o que fazia na hora. Sinto ainda a dor de um soco no estômago no momento que o Roberto Cabrini anunciava a morte do nosso ídolo. Recordo-me dos dias seguintes, a tristeza que pairava no ar, em todos os cantos. 
Que coisa louca? Alguém da família morreu? Não. Mas parecia.
Desolação geral. Meus pais, meu marido, meu filho, as pessoas nas ruas. Gente de todas idades, classe social, raça. Senna conquistou a todos. E não era identidade com o povo. Nasceu numa família abastada, longe da maioria de seus conterrâneos, praticava um esporte elitizado e mesmo assim cativou de ponta a ponta.
Alguém já presenciou uma comoção nacional como a morte do Senna? No frigir dos ovos, tivemos muito poucos ídolos. E isso também é triste.
Domingo era dia de ouvir a musiquinha, Tam Tam Tam. Agora poucos sabem quem corre, quem lidera o campeonato, as novas regras, circuitos. Apenas os aficionados pelo esporte, os que restaram.
A Fórmula 1 perdeu a emoção para mim. Com esta disputa tecnológica, em que conta mais o investimento na máquina do que o talento do piloto, até o Senna teria desanimado.
Há 18 anos nossos domingos perderam graça. Quem viveu esta época sabe o que eu digo. Pena daqueles que não haviam nascido ainda. Pensam que o Senna é lenda urbana. 


4 comentários:

  1. muito bacana seu comentário, parabéns!

    bjkas

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  2. Como voce, lembro de cada detalhe daquele dia, o que lia no jornal na hora do acidente, o que passava na televisão quando finalmente oficializaram o que todos já sabiam. Fui na av. Brasil ver o cortejo passar e fiquei num ponto privilegiado pois na exata hora em que passou por mim os Tucanos da Esquadrilha da Fumaça sobrevoaram, desligando seus escapes, em homenagem àquele que se convertera no concretizador dos sonhos de cada brasileiro. Confesso, nessa hora, ali no meio de tanta gente, chorei.

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  3. Chorei naquele dia e muitos outros. Semana passada ao assistir ao filme, chorei de novo.
    Pensei que tivemos sorte de ter vivido isso. Quando aparecerá um outro camarada com este poder em nossa vida? Nesta encarnação, eu duvido.

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