Acabo de sair do supermercado. Jogo rápido. Poucos itens na
lista. Vou até a Penha de joelhos no milho para agradecer a Deus pelo suplício
ter sido curto.
Não bastasse a via sacra – carrinho, colocar no carro,
entrar na garagem, tirar tudo do porta-malas, colocar no carrinho, subir pelo
elevador, tirar do carrinho, guardar, devolver o carrinho, hoje o pagamento de
promessa foi muito pior.
No caixa, a mocinha supersimpática me avisa que na semana
que vem o supermercado não fornecerá mais as sacolinhas plásticas. Pensei cá
com os meus botões e zíperes – Bacana! O
primeiro estabelecimento que realmente esta se preocupando com ações
ecossustentáveis. Perguntei a doce criatura – Vocês vão fornecer sacos de papel ou as sacolas retornáveis? Ela
prontamente respondeu – Não senhora, o
cliente tem que trazer sua sacola. Se quiser, podemos ceder sacolas biodegradáveis
pela módica quantia de 20 centavos cada. E não daremos mais desconto para os “clientes
mais” que trouxerem a sacola retornável.
Surtei. Pera lá pare o ônibus que quero descer. Questionei
se teríamos desconto na compra ou se os funcionários teriam aumento de salário
já que o valor investido na compra de sacolas descartáveis deixará de ser feito
e o supermercado começará a lucrar mais ainda com a venda de sacolinhas biodegradáveis.
Todos me olharam como se eu fosse uma marciana.
Ficou subentendido que se mexer no bolso o povo começa a se
preocupar em preservar o planeta. Pode até ser. A pergunta que não quer calar -
se este supermercado de 3ª geração (até agora não consegui descobrir o que isso
significa, tirando os preços exorbitantes que são cobrados no local) está tão
engajado assim em preservar a natureza, por qual motivo continua comprando
produtos em embalagens plásticas e poluentes? Perambulando pelos corredores
perdi a conta da quantidade de embalagens politicamente incorretas.
Continuo questionando a postura do estabelecimento. Ações
ecossustentáveis exigem uma coerência em todas as frentes. De que forma os
produtos chegam ao ponto de venda? Seus fornecedores
praticam ecossustentabilidade? Empresas que tem preços mais competitivos, mas não
adotam medidas que envolvam sustentabilidade são penalizadas? O que é mais
valorizado – valor ou atitude? Qual o transporte que seus funcionários usam
para ir e voltar do trabalho, aonde fazem suas compras, como as carregam, como
seus filhos se locomovem, se estudam? Me poupem, isso é marketing para boi
dormir.
Aonde será que é fabricada a tal sacola retornável? China?
Vietnã? O transporte desta sacola é feito por cegonhas? Se for por avião deve
ser mais prejudicial ainda ao planeta.
Estou farta deste blá blá blá ecológico sem o menor
fundamento. Quer fazer, parabéns. Faça direito que nem gente grande. Não sabe
fazer, tenha a humildade de procurar quem sabe. Ficar bem na fita pode até dar
certo agora. Daqui a pouco não cola mais, o povo está ficando mais esperto e
consciente e mais cedo do que possam esperar o greenwashing será alvo de protestos e causador da falência de
muitas empresas aqui no Brasil, como já é na Europa.
Cansei de ser politicamente idiota.
Nenhum comentário:
Postar um comentário