Sou a Maria Perdida. Não há um só dia que não perca alguma
coisa.
Perco a chave de casa. A do carro.
Perco o celular. O carregador também.
Perco os óculos escuros. Os para enxergar de longe. Os de
perto nunca perco, ainda recuso-me a usá-los, estão intactos no fundo da bolsa.
Ah! A bolsa. Perco tudo na minha bolsa gigante, se tivesse
alguma intenção homicida poderia levar os membros da vítima infeliz dentro
deste acessório indispensável na minha vida.
Perco o isqueiro todo santo dia. Tenho coleções com as cores
mais berrantes. Tentativa em vão.
Perco o cartão de crédito. Perco a carteirinha do convênio.
Perco a carteira. Perco a caneta bacana. A caneta não tão bacana também.
Perco o berloque da minha pulseira, um a um, que ganhei de
alguém especial, que conta uma história, uma viagem, um momento inesquecível.
Perco a paciência com gente que nem vale a pena. Perco o
sono de vez em quando. Perco a hora quase sempre.
Não perco de jeito nenhum a vontade de rir freneticamente,
de curtir cada momento que se fosse o último, de sonhar e realizar estes sonhos.
Não perco a ânsia de rever velhos amigos, de fazer novos amigos, de mudar de
opinião, de arriscar uma receita nova, de esquecer uma mágoa.
Pensando bem, perco aquilo que dá para recuperar. O resto é
resto. Impossível é voltar para viver
intensamente cada minuto.
Pena que não perco a barriga.
Marot,adorei esta cronica!!!
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