segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

MARIA PERDIDA

Sou a Maria Perdida. Não há um só dia que não perca alguma coisa.
Perco a chave de casa. A do carro.
Perco o celular. O carregador também.
Perco os óculos escuros. Os para enxergar de longe. Os de perto nunca perco, ainda recuso-me a usá-los, estão intactos no fundo da bolsa.
Ah! A bolsa. Perco tudo na minha bolsa gigante, se tivesse alguma intenção homicida poderia levar os membros da vítima infeliz dentro deste acessório indispensável na minha vida.
Perco o isqueiro todo santo dia. Tenho coleções com as cores mais berrantes. Tentativa em vão.
Perco o cartão de crédito. Perco a carteirinha do convênio. Perco a carteira. Perco a caneta bacana. A caneta não tão bacana também.
Perco o berloque da minha pulseira, um a um, que ganhei de alguém especial, que conta uma história, uma viagem, um momento inesquecível.
Perco a paciência com gente que nem vale a pena. Perco o sono de vez em quando. Perco a hora quase sempre.
Não perco de jeito nenhum a vontade de rir freneticamente, de curtir cada momento que se fosse o último, de sonhar e realizar estes sonhos. Não perco a ânsia de rever velhos amigos, de fazer novos amigos, de mudar de opinião, de arriscar uma receita nova, de esquecer uma mágoa.
Pensando bem, perco aquilo que dá para recuperar. O resto é resto. Impossível é voltar para  viver intensamente cada minuto.
Pena que não perco a barriga.

Um comentário: