sexta-feira, 29 de julho de 2011

Tem que ter um motivo, de novo

Desta vez minha relutância em aceitar o inaceitável foi gigantesca. Há quinze dias mais um amigo se foi.
Um homem de 52 anos que transpirava vida pelos poros não conseguiu driblar o fim, a única coisa certa na vida de todos nós.
Travou algumas batalhas homéricas com a morte e sempre sai vitorioso. Há dois anos, surgiu do nada uma bactéria no seu coração. Eu, na minha santa e vasta ignorância, nem sabia que o coração podia ser atingido por uma reles bactéria. Passou por uma cirurgia destas de arrepiar os pilórios, ficou fora do ar por meses e voltou com a carga toda.
Suficiente, certo? Que nada. Um ano atrás descobriu um câncer no pulmão com metástase no cérebro. Arregaçou as mangas e foi à luta com a cara e coragem. ELE X CÂNCER. Ele ganhou. No placar geral 2 x 0 para ele.
Ninguém dizia que estava doente, cheguei a pensar que tudo não passava de imaginação. Não havia uma só vez que eu o encontrava que não estivesse trabalhando, perambulando pelo bairro e sorrindo. E estava mais do que evidente que não era nenhum esforço para parecer forte, ele era forte.
Com todas estas vitórias fenomenais, ele perdeu o último round.
Num domingo ensolarado, nada típico dos dias de inverno, foi fazer o que mais gostava - subir em sua moto, usufruir da liberdae, desafiar o perigo, sentir o vento bater em seu rosto, celebrando a vida.
O  destino implacável não aceitou tantas vitórias. Numa curva, ninguém sabe como, perdeu o controle, capotou e morreu. Assim, puft.
Agora percebo que no fundo ele ganhou um presente e tanto. Ninguém merece sofrer, ainda mais este cara. Não consigo imaginá-lo numa cama agonizando. Isto sim seria uma derrota.
Elson, você vai fazer falta, mas do lado de lá sei que está tendo uma festa.

Marot Gandolfi

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