Desta vez minha relutância em aceitar o inaceitável foi gigantesca. Há quinze dias mais um amigo se foi.
Um homem de 52 anos que transpirava vida pelos poros não conseguiu driblar o fim, a única coisa certa na vida de todos nós.
Travou algumas batalhas homéricas com a morte e sempre sai vitorioso. Há dois anos, surgiu do nada uma bactéria no seu coração. Eu, na minha santa e vasta ignorância, nem sabia que o coração podia ser atingido por uma reles bactéria. Passou por uma cirurgia destas de arrepiar os pilórios, ficou fora do ar por meses e voltou com a carga toda.
Suficiente, certo? Que nada. Um ano atrás descobriu um câncer no pulmão com metástase no cérebro. Arregaçou as mangas e foi à luta com a cara e coragem. ELE X CÂNCER. Ele ganhou. No placar geral 2 x 0 para ele.
Ninguém dizia que estava doente, cheguei a pensar que tudo não passava de imaginação. Não havia uma só vez que eu o encontrava que não estivesse trabalhando, perambulando pelo bairro e sorrindo. E estava mais do que evidente que não era nenhum esforço para parecer forte, ele era forte.
Com todas estas vitórias fenomenais, ele perdeu o último round.
Num domingo ensolarado, nada típico dos dias de inverno, foi fazer o que mais gostava - subir em sua moto, usufruir da liberdae, desafiar o perigo, sentir o vento bater em seu rosto, celebrando a vida.
O destino implacável não aceitou tantas vitórias. Numa curva, ninguém sabe como, perdeu o controle, capotou e morreu. Assim, puft.
Agora percebo que no fundo ele ganhou um presente e tanto. Ninguém merece sofrer, ainda mais este cara. Não consigo imaginá-lo numa cama agonizando. Isto sim seria uma derrota.
Elson, você vai fazer falta, mas do lado de lá sei que está tendo uma festa.
Marot Gandolfi
Um homem de 52 anos que transpirava vida pelos poros não conseguiu driblar o fim, a única coisa certa na vida de todos nós.
Travou algumas batalhas homéricas com a morte e sempre sai vitorioso. Há dois anos, surgiu do nada uma bactéria no seu coração. Eu, na minha santa e vasta ignorância, nem sabia que o coração podia ser atingido por uma reles bactéria. Passou por uma cirurgia destas de arrepiar os pilórios, ficou fora do ar por meses e voltou com a carga toda.
Suficiente, certo? Que nada. Um ano atrás descobriu um câncer no pulmão com metástase no cérebro. Arregaçou as mangas e foi à luta com a cara e coragem. ELE X CÂNCER. Ele ganhou. No placar geral 2 x 0 para ele.
Ninguém dizia que estava doente, cheguei a pensar que tudo não passava de imaginação. Não havia uma só vez que eu o encontrava que não estivesse trabalhando, perambulando pelo bairro e sorrindo. E estava mais do que evidente que não era nenhum esforço para parecer forte, ele era forte.
Com todas estas vitórias fenomenais, ele perdeu o último round.
Num domingo ensolarado, nada típico dos dias de inverno, foi fazer o que mais gostava - subir em sua moto, usufruir da liberdae, desafiar o perigo, sentir o vento bater em seu rosto, celebrando a vida.
O destino implacável não aceitou tantas vitórias. Numa curva, ninguém sabe como, perdeu o controle, capotou e morreu. Assim, puft.
Agora percebo que no fundo ele ganhou um presente e tanto. Ninguém merece sofrer, ainda mais este cara. Não consigo imaginá-lo numa cama agonizando. Isto sim seria uma derrota.
Elson, você vai fazer falta, mas do lado de lá sei que está tendo uma festa.
Marot Gandolfi
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