quarta-feira, 20 de abril de 2011

O empurrão que faltava


A vida é cheia de surpresas. Que coisa mais brega. Que bom. Pessoas fazem parte da vida da gente por um tempo e, assim sem mais nem menos, desaparecem sem motivo algum. Por um passe de mágica ressurgem das cinzas. Vai entender.
A frenética corrida do dia-a-dia e o excesso abusivo de responsabilidades nos tiram da rota, mudam drasticamente o caminho, mesmo contra nossa vontade. E o mais grave, nem percebemos. Estamos no piloto automático.
Levei um puxão de orelha da pessoa mais improvável da face da terra. Fomos quase parentes, parente é serpente, e nunca mais nos vimos. Sempre tive uma sintonia com esta criatura, uma ligação estranha, uma admiração e tanto. Nunca mais o vi.
Só comecei a escrever e publicar minhas crônicas depois de receber um cutucão profundo no meu nervo ciático já tão inflamado. Eu hei de convir que estava numa vibe pra lá de negra. Elaborando textos melodramáticos, piegas, altamente irritantes, com pena de mim mesma. O oposto do que sou e prego aos quatro ventos.
Esta criatura que ressurgiu do nada entrou no meu blog. Se indignou. Se manifestou da forma mais cruel. Mexeu no meu lado mais sensível. Cutucou a onça com vara curta. Falou claramente que sou fraca, deprimente, que estava me entregando por razões frívolas. Sempre são frívolas.
Ele fez o que deveria ter feito. Instigou meu lado escorpiniano. Alterei o rumo da minha prosa e passei a escrever o que realmente queria. Tudo mudou. Levantei, sacudi a poeira e meio que dei a volta por cima.
Dei asas à imaginação e pus no papel tudo aquilo que acredito, parte do que vivi, cenas do cotidiano, crônicas da vida. Nunca me diverti tanto. Fiz um acordo registrado em cartório comigo mesma. Se não houver diversão, não tem jogo.
Mesmo que as crônicas não tenham nenhuma pitada de humor e sejam carregadas de doses cavalares de indignação, serão prazerosas em escrever. É um manifesto de alegria ou descontentamento. Depende do preço do frango no dia.
Pessoas saem e entram na nossa vida sem nenhum motivo? Nada acontece por acaso. O acaso não existe. Tem que ser assim e ponto. A grande sacada é se ligar nestas surpresas que a existência nos prega.
Pode até ser que este cutucador de feridas desapareça como fumaça de novo, mas fez a lição de casa direitinho. Tem PHD em transformar o óbvio em algo surpreendente.
Meus mais sinceros agradecimentos, cara pálida.


Marot Gandolfi

2 comentários:

  1. É isso aí ! Também adooooro a 'verdade inventada ',
    Isso é arte. :)
    Tenho gostado muito mesmo do que e como escreve! Parabéns
    procê e pro cara pálida q ajudou nisso!

    ResponderExcluir
  2. Sil,
    A gente precisa de uma supercutucada de vez em quando, né? Ninguém é a Superpoderosa, mas eu queria ser a Florzinha (vc sabe quem é, rsrs?)
    O cara pálida talvez nem saiba como foi importante.
    beijao

    ResponderExcluir