Minha ficha caiu, sou demente. Sei que tem gente que chegou a esta sábia conclusão antes de mim. Antes tarde do que nunca.
Não sou viciada em cocaína, maconha, álcool. Sou completamente dependente da internet e do celular. É compulsivo. Vivo plugada no escritório, no carro, na fazenda e numa casinha de sapé, como dizia Zé Rodrix. Há 15 anos, não tínhamos internet e raros eram os que possuíam celular. Paguei U$ 3000,00 pela minha primeira linha e pelo primeiro aparelho que eu deveria ter guardado até hoje, seria de grande utilidade para me safar de um assalto. O bicho era tão pesado que eu ganhei três hérnias de disco.
Já trabalhava no sistema de home office e sofri preconceitos. Perdi trabalhos por causa disso. Um cliente chegou a me perguntar se eu temperava um frango enquanto redigia um texto para a empresa dele. Eu respondi - frango eu não sei temperar, mas fígado até que faço bem. Entre um tempero e outro, eu faço o seu trabalho. O problema é quando cai o sangue da carne no seu layout.
Tudo funcionava. Trabalhávamos, pagávamos nossas contas, criávamos nossos filhos. Hoje, se a internet cai, entro em processo de abstinência. Chego a tremer, tenho suor frio, fico com a boca seca e olhos esbugalhados. Prefiro que meus seios caiam, mas a internet nunquinha.
Tudo funcionava. Trabalhávamos, pagávamos nossas contas, criávamos nossos filhos. Hoje, se a internet cai, entro em processo de abstinência. Chego a tremer, tenho suor frio, fico com a boca seca e olhos esbugalhados. Prefiro que meus seios caiam, mas a internet nunquinha.
Minha filha me perguntou como eu vivia sem internet e sem celular na minha época. Minha época,cara pálida? Para ela sou a garçonete da Santa Ceia. Pensei muito até que minhas caspas viraram mandiopã. Antes não existia nada disso e como não posso sentir falta daquilo que não conheço, eu vivia muito bem, obrigada.
O fato é que qual ser humano razoável nos dias de hoje, exceto minha amiga que é a encarnação do Google e não tem computador, consegue trabalhar sem internet e celular. Isso é default. Sem falar nas redes sociais. Converso com minha filha, no quarto ao lado, via MSN, Skype, FB. Isso sim é surreal.
Como tudo na vida tem um lado bom, exceto o LP do Benito di Paula - até hoje estou procurando o lado do disco que se salva e não consegui encontrar - com a internet reencontrei pessoas que convivi no primário, ginásio, colegial, faculdade, clube. Divirto-me como nunca.
É um vício, sem dúvida, mas cá pra nós, eita vício bom.
Marot Gandolfi
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