segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

MELHOR IDADE (na opinião de quem?)

Acabo de ler um livro de Nora Ephron, uma roteirista e produtora de filmes de Nova York, que tem o dom de colocar em palavras o que uma mulher sente ao envelhecer.
A começar pelo título hilário “Meu Pescoço é um Horror”, a literatura é simples, prazerosa e divertida.
É um manifesto a favor da juventude. Esta lenga lenga de que envelhecer é o máximo, a fase mais fantástica da vida, estamos mais amadurecidos, mais sensatos, blá blá blá. Ficar velho é um porre. E é mesmo.
Nunca perdi mais do que dois segundos analisando meu pescoço. Pensando bem, nunca parei sequer para olhar meu pescoço. Tenho pescoço? Agora sei que tenho. Que tristeza.
Segundo Nora, o pescoço da mulher começa a mostrar as garras a partir dos 43 anos. Ele delata a idade de qualquer donzela, não adianta botox, lifting, reza braba, promessa, macumba.

Ele está lá, implacável, sórdido, denunciando que não sou mais aquela. Que estou longe, muito longe, dos meus vinte e cinco anos. Quanta saudade daquela fase em que me achava inadequada, infeliz com meu manequim 40. Eu era feliz e não sabia.
Não tem nada de legal em ter quarenta e seis ao invés de vinte e seis. Quando se fala na sabedoria da idade há algum grande engano. Não é sabedoria, é resignação. O que fazer? Me matar? Confesso que quando não entro no jeans que eu adoro, que cultivo há anos, que está macio, no tom que eu curto, tenho uma vontade enorme de conhecer a eternidade.
Fechar a boca para perder alguns quilinhos, unzinho já ajuda, é uma tarefa hercúlea. Passo fome, não estou brincando, e o ponteiro da balança nem se mexe.
E o tchauzinho? O meu é um adeus para sempre. Por isso, odeio despedidas.
Sou mais feliz agora. Fato. Não tenho mais as encanações da juventude, nenhuma tolerância para mediocridade, neuroses, a luta insana pela perfeição, a busca frenética para me adequar.  Isso tudo faz parte de um passado distante. Graças a Deus, já estava mais do que na hora.
Melhor idade seria aquela em que eu tivesse o corpinho dos 20, a cabeça dos 40 e a estabilidade financeira dos 60. 
Agora que o preço é alto nenhum economista no mundo pode negar. Encarar o espelho não é nada fácil. Nunca fiquei tão feliz por ser míope e estou começando a não enxergar de perto também. Eba!

Um comentário:

  1. ...entendo que as melhores comédias românticas da história recente do cinema são dela, por isso quando bati os olhos na capa desse livro também comprei.
    melhor idade é eufemismo, pra não dizer é o cacete!

    adorei, Rô, beijos
    Wan

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