quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

EGOÍSMO BOM

Passei boa parte da vida escutando minha mãe dizer Faça o bem sem mostrar a quem. Ainda criança não entendia bem o significado. Também cresci observando meus pais sempre envolvidos em alguma ação social.
Ao se aposentar, meu pai realizou seu sonho de mudar-se para o interior e a ajuda ao próximo ficou mais intensa. Meus pais acordavam às 5h da manhã para levar café com leite e pão com manteiga aos idosos que ficavam na interminável fila do INSS.
Minha mãe morreu e meu pai voltou para São Paulo. Não demorou para engajar-se em outras atividades do gênero. Preencheu todo seu tempo em colaborar com os necessitados, visitar favelas, organizar campanhas, visitar os leprosos todo mês na cidade de Pirapitingui. Era viciado em se sentir útil.

Com estes exemplos, tentei seguir o mesmo caminho. Não consigo assumir uma atitude passiva. Se posso mudar nem que seja um pouquinho a vida de alguém para melhor, como ignorar? Nada a ver com religião. Cada vez mais me afasto de qualquer tipo de dogma. De que adianta frequentar igrejas, templos, centros espíritas, Meca, se no dia-a-dia a gente não faz nada, não transforma nem a vida de quem está ao redor. É o cúmulo da hipocrisia. Será que para Deus é mais importante rezar horas a fio ou praticar o bem? O Onipresente é bem inteligente e sabe identificar como ninguém as fírulas.
Meu filho seguiu o mesmo caminho. Leciona inglês para adolescentes carentes aos sábados. O curioso é que o dito cujo tem como seu hobbie preferido dormir. No sábado, ele pula da cama em dois palitos e em segundos está pronto. E lúcido.
No final de dezembro, o Jornal Nacional passou uma série sobre voluntariado em diferentes esferas. Foi uma surpresa para um jornal que dá destaque, todo santo dia, para as mais horrendas desgraças do mundo. A reportagem mostrou gente de todas as idades, de todas as cores, de todo o mundo, ilustres desconhecidos que fazem a diferença na vida de milhões de pessoas.
Fazer algo de bom não é caridade. É o mais genuíno egoísmo. Ao me envolver em alguma ação, o bem que me faz é insuperável. Devo fazer isso por mim. Libero endorfina. Fico feliz da vida. Em paz comigo mesmo.
Tem muito mais gente fazendo o bem e ninguém sabe, afinal não dá IBOPE.

Nenhum comentário:

Postar um comentário